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Shenzhen speed: o modelo de 1978, o crescimento chinês e a cultura Shanzhai

Shenzhen speed: o modelo de 1978, o crescimento chinês e a cultura Shanzhai
Eduardo Arias
jan. 20 - 4 min de leitura
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A sociedade chinesa viveu tempos difíceis durante sua história. Diante do cenário deixado por Mao Zedong, que não se afastou do governo até falecer em 1976, o povo precisava de uma resposta com urgência. Shenzhen se tornou a expressão de como a Chine lidou com esse momento importante na história econômica do país.

Com o objetivo promover a reviravolta necessária o sucessor, Deng Xiaoping, passou a trabalhar no projeto de criação de Zonas Econômicas Especiais, rompendo com a rigidez da administração anterior e promovendo melhor qualidade de vida. Até então não era permitido abrir o próprio negócio. Comida e roupas eram distribuídas em troca de cupons expedidos pelo governo de Mao.

Shenzhen foi a primeira e a mais bem-sucedida dentre as Zonas Econômicas Especiais idealizadas durante a administração de Deng Xiaoping. Ela está situada na costa sul do país, propositalmente ao lado de Hong Kong e Macau, às margens do delta do Rio Pérola.

Foi em maio de 1980 que deram início ao projeto de total ressignificação daquele vilarejo através de maior independência do governo central, da construção de infraestrutura voltada à exportação e abertura do mercado à investimento estrangeiro, somada a uma política de difusão de incentivos fiscais.

Com o passar dos anos, atividade pesqueira e os campos de arroz deram lugar ao maior polo industrial voltado à fabricação e distribuição logística de componentes eletrônicos já visto. Por muito tempo toda essa infraestrutura serviu como meio de redução de custos fomentando a produção de imitações baratas dos eletrônicos projetados por grandes empresas, violando todo tipo de patente ou trademark.

Essa produção de imitações se revelou como uma cultura própria, chamada Shanzhai, e há quem se orgulhe de conseguir produzir o mesmo produto mais rápido e mais barato. Os adeptos a tal cultura consolidaram as bases do dinamismo das linhas de produção chinesas e trouxeram enorme volume de capital ao país. Muitos deles hoje comandam as próprias marcas e não se preocupam em promover disputas legais contra quem fizer imitações daquilo que desenvolveram.

Alguns nem mesmo buscam fazer o registro de patentes, pois afirmam que isto não impedirá que alguém faça engenharia reversa. Outros seguem diretamente à distribuição de seus designs em regime open source. Comum a ambos os grupos é o sentimento de que devem se concentrar em ser melhores que o concorrente, sem perder tempo e dinheiro com formalidades e ações judiciais.

Junto a Beijing, Shanghai e Guanzhou, não é à toa que SZ se tornou um dos quatro polos de inovação da China. Ela é conhecida mundialmente como a capital mundial do hardware e até mesmo aqueles que têm por referência o modelo de inovação americano não negam que Shenzhen é o vale do silício do hardware.

O ambiente de competição frenética leva estes montadores e fabricantes à constante evolução. Foram eles que fizeram Shenzhen ser uma representação do sucesso da China. Atrás de cenários como este, onde massa crítica encontra infraestrutura, mentes inovadoras de todo o mundo têm feito de Shenzhen sua casa, assim como já fizeram as gigantes da tecnologia Tencent, Huawei e ZTE, projetando o futuro a partir de lá.

Referências:

Shenzhen: The Silicon Valley of Hardware (Full Documentary) | Future Cities | WIRED https://www.youtube.com/watch?v=SGJ5cZnoodY

The People's Republic of The Future https://www.youtube.com/watch?v=taZJblMAuko 

Shenzhen: The Migrant Experiment https://www.youtube.com/watch?v=HC9qUlt8RLc


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