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Startup Enxuta 101: por que evitar os grandes lotes?

Startup Enxuta 101: por que evitar os grandes lotes?
Gabriel Henrique Dalmolim
mar. 29 - 6 min de leitura
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Pense no seguinte cenário: Natal está chegando, uma típica família que vive no hemisfério norte- onde Natal significa neve e sweaters vermelhos- está enviando cartões para os familiares. Imagine um filme de Sessão-da-Tarde. Os filhos, sob ordens dos pais, estão colocando os cartões nos envelopes. O mais velho, imprime os cartões; o do meio, cola a foto nos cartões; o mais novo fecha os envelopes com um adesivo. A intenção é enviar 200 cartões- afinal, a família é gigante. Todos os irmãos em uma verdadeira linha de produção.

Após 180 cartões finalizados e prontos para serem enviados pelos correios, o mais novo olha, finalmente, o que está enviando: uma foto da família com os dizeres “Feliz Natak”. Sim, um erro de digitação que obrigará os irmãos a refazerem todo o trabalho.

Desenvolver novos produtos em grandes lotes pode levar a gafes muito parecidas com essa.

Grandes Lotes

Isso acontece com mais frequência do que pensamos com empresas- algumas muito grandes. Um exemplo disso: uma empresa tem uma “ideia genial” que, segundo a diretoria, será o próximo grande sucesso. O investimento é alto, uma equipe é criada somente para isso. Como todos acham que a ideia é genial, não é necessário testar com ninguém, pois a equipe sabe mais do que todos a fórmula do sucesso. Após seis meses e muito dinheiro, é necessário garantir que todos os detalhes estejam perfeitos, afinal, não se pode colocar tudo a perder. Após um ano e ainda mais dinheiro, falhar não é mais uma opção e decide-se gastar uma verba extra em marketing- somente para garantir que as vendas irão bem no começo. Após dois anos e infinitas alterações no projeto para “garantir o sucesso”, o projeto, finalmente, vê a luz do dia. Acontece que, dois anos atrás, o projeto era inovador, mas hoje é irrelevante, tem inúmeros concorrentes e não atende aquilo que o cliente quer- até porque ninguém perguntou o que ele queria. Esse processo é apelidado de “Espiral da Morte dos Grandes Lotes”, cujo pensamento é: “Já que demoramos tudo isso, por que não adicionar mais uma coisa ou refazermos essa parte só pra garantir?”. No final da história, aposto que muitas partes serão refeitas duas ou três vezes. Empresas que desenvolvem novos produtos desse modo não diferem em nada dos irmãos enviando cartões de Natal a pedido dos pais.

Startup Enxuta

De maneira bem resumida, a startup enxuta se baseia em três conceitos principais: lotes pequenos, ciclos rápidos e feedback constante. Nesse modelo, passar dois anos para lançar um produto é um completo absurdo. Ao invés disso, o ideal seria lançar um MVP (Produto Mínimo Viável). Esse MVP é uma pequena entrega; um pequeno lote que é instrumental para uma coisa: colher o feedback dos clientes o mais rápido possível. Não é coincidência que a “versão beta” está se tornando uma prática cada vez mais utilizada em qualquer tipo de produto ou serviço- não somente softwares. Um bom exemplo de MVP é o caso do Dropbox:

Nesse caso, foi usado um simples- e relativamente mal feito - vídeo. Nenhuma linha de código foi escrita. A partir disso, com um conceito que clientes acharam surpreendente, o Dropbox começou a desenvolver o seu produto. O MVP pode ser um vídeo, uma planilha ou um protótipo de papel; o importante é que ele seja um instrumento de aprendizado. A partir disso, o produto vai mudando aos poucos, em lotes pequenos e ciclos rápidos, para que cada detalhe do projeto seja entendido.

Esse ciclo rápido tem três fases: construir-medir-aprender. Construir é simplesmente transformar uma ideia em um produto, algo tangível que seu cliente possa gostar ou não- comprar ou não. Após a construção, mede-se a reação do seu cliente, se houve percepção de valor- se o cliente usa, se compra, se recomenda para amigos. Isso gera muito aprendizado para qualquer startup ou empreendedor. Mesmo um resultado negativo, ou seja, uma alteração que seu cliente odeie, é um aprendizado de qual caminho não tomar.

Voltando a nosso exemplo de empresa: e se essa “ideia genial” fosse desenvolvida de maneira enxuta? Ao invés de um investimento alto, um MVP básico e barato fosse desenvolvido somente para analisar o feedback do cliente e lançado em três meses. Assim, logo de início, seria possível saber quais detalhes o cliente acha relevante, quais os riscos e quais detalhes estão faltando. Com um produto interessante e relevante para os clientes, o marketing é muito mais fácil e barato; com recomendações, marketing boca a boca, etc. Além disso, há inúmeras outras vantagens desse método flexível e ágil- algo demonstrado pelas várias startups que desafiam empresas muito maiores usando justamente essas técnicas.

Seu cliente manda

Não é somente uma questão de “desenvolver um plano de negócios”. É uma questão de sobrevivência por adaptação. Quando se trata de inovação, não se pode acreditar que o futuro da sua empresa está garantido ou é controlável: seu cliente decidirá isso. Por isso, uma startup constrói seu produto e modelo de negócios junto com seus clientes desde o princípio. Em grandes lotes, corre-se o risco de criar um produto para o cliente de ontem e não para o cliente de amanhã.

Ou, você pode chegar aos últimos envelopes e descobrir que estava tudo errado desde o começo.

“Feliz Natak”

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