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A história continua após os 60

A história continua após os 60
Diego Hatschbach Ferreira
out. 24 - 8 min de leitura
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Até 2060 estima-se que ¼ da população brasileira será idosa, equivalente a 27% da população nacional (IBGE). Alguma surpresa de que se chegará neste resultado? Provavelmente não, ainda mais levando em conta a longevidade e a queda na taxa de natalidade.

Temas referentes à “longevidade”, “terceira idade” e “expectativa de vida” têm sido muito debatidos a nível global em razão dos desafios encontrados e das estratégias a serem realizadas para que a chamada “melhor idade” seja vivida com respeito e dignidade. Tornou-se obsessão natural de todo ser humano viver mais e cada vez melhor.

Entre os países desenvolvidos, de acordo com o levantamento da Global AgeWatch Index 2015, realizado pela organização HelpAge International  (matéria da Veja, setembro de 2015) a Suiça é o melhor país para os idosos viverem, seguido pela Noruega, Suécia e Canadá, pois desenvolve politicas e programas que objetivam  promover o bem-estar dessa faixa etária da população. Por curiosidade, segundo a mesma fonte, o Brasil ficou na 87ª posição no ranking no quesito “ambiente favorável para os idosos”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), envelhecer é “um processo sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal, não patológico de deterioração de um organismo maduro”.

A mudança de perfil populacional traz uma nova ordem de demandas sociais, que implica diretamente nas políticas de saúde, emprego, educação e previdenciária. O acelerado envelhecimento populacional mundial é uma realidade que também atinge os mais jovens, que se preocupam cada vez mais em investimentos financeiros que agreguem na aposentadoria e, consequentemente, consigam manter um “padrão de vida” compatível com aquilo que construíram ao longo de décadas de trabalho e esforços. No Canadá, por exemplo, as empresas de grande porte oferecem um plano de aposentadoria em que o indivíduo pode se aposentar entre 55 e 69 anos, recebendo uma porcentagem da média do salário dos últimos anos que varia de acordo com o tempo de trabalho (Fonte: Canadá Agora, 2016).

Tornar-se idoso(a) não é uma tarefa fácil, pois o processo de envelhecimento modifica as condições físicas e mentais, gera alterações no humor, diminuição da altura, falhas na memória, falta de interesse em cuidados pessoais, perda da mobilidade, da força e dos sentidos. Por outro lado, há os benefícios desta nova fase da vida, entre eles: descontos em eventos culturais (shows, cinemas, teatros e etc.), transporte público gratuito, prioridade na esfera judicial e, talvez a parte mais gostosa, a de ser avô ou avó. Além disso, há algo é exclusivo da pessoa idosa: a experiência de vida.

De fato, há pouco conhecimento sobre o processo de envelhecimento em si, todavia estudos e pesquisas nos campos da medicina e da ciência apontam que a saúde da pessoa idosa tem diversas particularidades e sua abordagem deve ser individualizada e multidimensional para se atingir a qualidade de vida desejada. Os profissionais da saúde têm enfatizado as avaliações de vulnerabilidade do indivíduo idoso, justamente no sentido de prevenir as complicações do envelhecimento e manter o(a) idoso(a) robusto(a).

A Profª. Drª. Anna Raquel Silveira Gomes, da Universidade Federal do Paraná, alerta às famílias alguns pontos de atenção à saúde dos seus idosos, são eles: I - a perda de peso corporal não intencional; II - relato constante de fadiga/exaustão; III - redução de força muscular e da velocidade para caminhar. Afirma ainda que “a maioria das pessoas almeja chegar aos 60 anos de maneira ativa, produtiva e saudável” e, para atingir esses objetivos, é necessário investimentos na saúde física e mental ao longo de sua vida (de acordo com as condições financeiras, econômicas e sociais de cada indivíduo), que inclui acesso à alimentação e garantia de boa nutrição, acesso a água potável e rede de saneamento básico adequado, condições de trabalho seguras e saudáveis, viver em ambiente saudável, prática regular (de duas a três vezes por semana) de atividade física.

Embora ainda haja discriminação e preconceito no ambiente de trabalho em relação às pessoas em idades avançadas, o número de pessoas idosas em vagas com carteira assinada aumentou, saindo de 484 mil em 2013 para 649,4 mil em 2017. Foi uma ampliação de 43% em quatro anos, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia.

Atualmente, a maior procura por profissionais no mercado de trabalho é pelo público mais jovem (caracterizado pela inovação e facilidade ao lidar com as tecnologias), já que pessoas “mais velhas” são julgadas muitas vezes como improdutivas, caras e sem criatividade. Diante disso, organizações começam adotar novos comportamentos de gestão, agindo com responsabilidade social e encontrar melhores alternativas para acolher pessoas idosas com a devida dignidade para que se sintam úteis. Para tanto, deve-se repensar as condições de trabalho, uma vez que o desempenho físico não é o mesmo da juventude.

Os países europeus estão buscando formas de motivar os profissionais com mais de 60 anos a retornarem para o mercado de trabalho, compreendendo que esse público é peça-chave na economia, pois na linha da diversidade, permite a troca de conhecimentos, além de estimular qualidades como a resiliência, equilíbrio emocional e capacidade para resolver problemas, características diferenciais e únicas desse grupo.

O Grupo Pão de Açúcar, grande empresa de comércio varejista, está sempre atento ao social e a contratação de pessoas da terceira idade é algo frequente, já são mais de 3.000 funcionários idosos. Outras empresas como Sodexo (empresas de serviços de alimentação e gestão de facilidades do mundo) e Gol Linhas Aéreas (Cia de transporte aéreo) também estão na lista de empresas que iniciaram ou já possuem programas de recrutamento de pessoas da terceira idade como, por exemplo: Programa 50+. Nos últimos tempos, quem passou a integrar esse grupo foi a Playstation, de games, que criou uma política interna para fazer com que esse público represente 10% da equipe.

Thamara Alencar, Analista de Recursos Humanos (Diversidade e Inclusão) da Sodexo, afirma que o aumento do número de pessoas acima de 50 anos que ainda são produtivas e estão dispostas a continuar trabalhando fez com que a empresa repensasse com maior responsabilidade soluções de recrutamento e retenção para este público.

O site https://www.maturijobs.com é especialista em oportunidades atrativas para a terceira idade, no qual a pessoa cadastra o seu perfil e poderá selecionar o tipo de trabalho que gostaria de exercer (consultoria, voluntariado ou economia compartilhada) e o período de disponibilidade (flexível, integral ou meio período). A MaturiJobs entende como propósito que ao gerar oportunidades para as pessoas mais idosas promoverá a saúde e o bem-estar social. Outros sites de recrutamento como Vagas.com e Catho também ofertam oportunidades para o público mais velho. Isto é inclusão!

A inserção e retenção de pessoas idosas no mercado de trabalho devem ser vistas pelas empresas como uma oportunidade. Segue abaixo algumas vantagens de se adotar essas práticas:

  1. Promoção da inclusão e interação geracional no ambiente;
  2. Obtenção de mão de obra qualificada, madura e motivada;
  3. Estimulo a diversificação no ambiente organizacional;
  4. Mediação de conflitos por meio de serenidade emocional;
  5. Complementação das habilidades dos trabalhadores mais jovens.

 

Pessoas Idosas! Que possamos aproveitar cada vez mais desta fonte incrível de sabedoria e que suas palavras nos façam pessoas melhores.

Gratidão aos Idosos e às Idosas de todo o planeta!

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