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O Closet do Futuro

O Closet do Futuro
Luciany Hara
jul. 30 - 6 min de leitura
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A indústria que está entre as mais poluentes está mudando para ser sustentável em sua cadeia produtiva e trazendo inovações na experiência do consumo.

 

Estudo o mercado de vestuário second hand há cerca de um ano. Tenho participação em um brechó premium onde a minha missão é buscar formas de alavancar o crescimento do negócio. Aceitei o desafio, por um motivo simples.

Nunca houve tantas pessoas interessadas em adquirir uma peça usada para o seu guarda-roupas quanto agora. E não se trata de uma moda passageira e sim de uma tendência que está se concretizando principalmente pelas mãos das gerações Z e Millennials, ou seja, de 18 a 37 anos. Dito isso, o assunto deixa de ser nicho para se tornar ator principal no cenário de negócios. O mercado de vestuário de peças usadas vai dobrar em cinco anos, passando de $24 bilhões de dólares para $51 bilhões de dólares até 2023. Quem faz esta afirmação é o Global Data Market, empresa contratada pelos 02 maiores marketplaces de revenda de vestuário de segunda-mão do mundo, o Thread Up e o The Real Real.

É um dos trabalhos mais completos no sentido de mapear o perfil do consumidor second-hand e o interessante é que o movimento, conquista pessoas independente de classe social. Quem compra uma peça usada de vestuário, mais do que preço, está preocupado com a sustentabililidade do planeta. Em termos de proporção, estamos falando de 26% dos consumidores do mercado de luxo que respoderam à pesquisa do Global Data Market, afirmando já ter comprado um item usado, somando-se a 29% dos consumidores de marcas de departamento e 22% dos que compram vestuário em redes de varejo popular. Ou seja, o mercado do second-hand atrai consumidores por um estilo de vida e não por classe social.

E as oportunidades não páram por ai. Mais de 59% das pessoas também preferem marcas sustentáveis, que tem um processo ético e menos poluente na fabricação de roupas.

O impacto desses números é visível, ainda de forma discreta, no posicionamento de grandes marcas, que estão investindo muito para reposicionar a sua cadeia produtiva, como o grupo Inditex do qual faz parte a marca Zara, através de seu projeto Closing the Loop assumindo de forma clara um compromisso com o ciclo de vida de seus produtos. Antes também conhecida como uma marca focada em maximizar seus lucros em detrimento das condições de contratação de mão-de-obra, a empresa agora tem um posicionamento oficial em seus relatórios e site sobre o assunto.

Eu aprecio olhar o mercado como um todo e no que tange inovação de experiência de consumo visando este público mais exigente, tenho acompanhado a trajetória da AMARO. Queridinha no mercado das start-up pelo seu modelo de negócios que substitui as lojas tradicionais pelas guide shops, onde o cliente pode experimentar a vontade, mas não leva nada na hora, a AMARO já inseriu a economia circular no seu DNA, desde a escolha dos materiais, processo de confecção e projetos sociais com impacto direto na vida de pessoas que vivem do ecossistema da moda.  A AMARO está para a moda sustentável tal qual a NATURA para os produtos de beleza. Ambas foram visionárias e mostraram que fazer a coisa certa não prejudica em nada a expansão e comercialização de seus produtos, bem pelo contrário.

Ou seja, ser uma marca digital, sustentável, engajada em projetos que impactem na vida das pessoas transformando o seu entorno, mas sem deixar de lado, claro, o que interessa a este público, novidades diárias. 56% das pessoas entre 18 e 29 anos deseja ver uma novidade toda vez que acessam a página da marca. E isso se aplica aos brechós premium e de luxo também. O maior exemplo de capacidade de lidar com volume de peças usadas é o brechó online curitiba, TROC.

Portanto, estamos falando de um mercado bilionário, mas com muitas armadilhas para pequenos negócios. De semelhança com os antigos brechós, estes negócios tem somente o nome. São negócios altamente especializados, que exigem capital, processos e muito investimento em tecnologia de gestão de estoque e BI para precificação das peças. A Thred Up por exemplo publica mais de 15.000 itens por dia. Considerando que são peças consignadas, estamos falando em receber, cadastrar os fornecedores, classificar e precificar mais de 30.000 itens diariamente! E precificar algo que não é novo traz outro desafio, pois o preço de venda não é formado a partir do custo, mas sim, da percepção do consumidor de quanto a peça vale e isso varia pela marca, coleção e até a subjetividade de quem analisa, daí a relevância da tecnologia para nivelar o resultado.

O mercado de vestuário second-hand é muito complexo do ponto de vista financeiro, pois as condições e vantagens ofertadas ao cliente final, nem sempre ou praticamente nunca, poderão ser repassadas aos proprietários das peças. Consignar dá a vantagem de iniciar um negócio sem necessidade de muito capital para estoque. Porém, esta facilidade também ancora as bases da precificação e o desafio é aprender o que aceitar e o que recusar em função do tamanho do imóvel e equipe (capacidade de estoque e processo de curadoria), custos fixos do negócio e ciclo de venda dos produtos.

Para quem está começando, uma boa curadoria e rede de fornecedores de peças em excelente estado de conservação e marcas premium, assegura um público que mesmo que não seja grande, será fiel. Porém, expandir vai requerer muita profissionalização da equipe e gestão estratégica.

A largada foi dada. A boa notícia é que, se você já está nesse mercado, está no lugar certo. Criar oportunidades utilizando as novas economias desde os modelos compartilhados de espaço de venda, como é o caso do LAVÔ TA NOVO que divide uma área nobre com um salão de beleza em Curitiba, até a sustentabilidade como modelo de investimento em economia circular, é um caminho com futuro.

VEJA TAMBÉM: Conheça 6 startups de moda que estão revolucionando a experiência de compra

 

 

 

 

 

 

 

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